
Você entra em campo, dá o sangue pelo clube, ajuda a conquistar vitórias — mas, no fim do mês, o depósito não cai. O “bicho” prometido some, as luvas atrasam, o direito de imagem fica no papel.
Essa é a realidade de muitos atletas no Brasil: dedicação total, retorno zero.
E quando o clube começa a empurrar o pagamento com promessas, a confiança vai embora. A boa notícia é que a Justiça do Trabalho tem dado razão aos jogadores que buscam seus direitos.
Segundo o advogado trabalhista Rodrigo Fortunato Goulart, doutor em direito, “nenhum atleta é obrigado a jogar de graça. Quando o clube deixa de pagar, o jogador tem o direito de romper o contrato e receber tudo o que é devido — com juros e correção”.

“O jogador só quer o que conquistou dentro de campo. Quando o clube deixa de pagar, não é rebeldia exigir, é dignidade defender o próprio suor.”
— Rodrigo Fortunato Goulart, advogado trabalhista e doutor em direito - PUCPR.
No mundo da bola, o atraso de salário é mais comum do que se imagina. A Lei Pelé (Lei 9.615/98) é clara: se o clube atrasar o salário ou o direito de imagem por três meses ou mais, o atleta pode pedir rescisão indireta — ou seja, sair do clube e receber todas as verbas como se fosse demitido sem justa causa.
Além do salário, outros valores contam:
“Bicho” por vitória ou título;
Luvas (bônus de assinatura de contrato);
Direito de imagem;
13º, férias e FGTS.
Quando o clube deixa de pagar qualquer um desses, o descumprimento é grave — e pode virar processo.
Imagine o cenário: você venceu o clássico, garantiu vaga no estadual e o presidente prometeu o bicho na segunda. Passa uma, duas, três semanas… e nada. A justificativa é sempre a mesma: “a diretoria está resolvendo com o patrocinador”.
Ou, pior: o clube diz que não pode pagar porque o contrato de imagem “é com outra empresa”. Essa manobra é comum e serve para mascarar salário e fugir de encargos.
A Justiça do Trabalho reconhece essa fraude e manda incorporar o valor ao salário.
Em outro caso, o clube atrasou três meses de salário e seis parcelas de imagem. O atleta entrou com ação, conseguiu a rescisão indireta e ainda foi liberado para assinar com outro time sem pagar multa.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) confirmou a rescisão do contrato de um jogador do Fluminense por atraso nos depósitos do FGTS e de direitos trabalhistas (Processo nº 100001-46.2018.5.01.0054)
Esse tipo de decisão tem se tornado cada vez mais comum. A Justiça reconhece que o inadimplemento contumaz dos clubes afeta a dignidade do atleta e prejudica sua carreira.
O atleta que sofre com atrasos pode reivindicar:
Rescisão indireta (encerramento do contrato por culpa do clube);
Salários e bichos atrasados, com juros e correção;
Multa contratual prevista na Lei Pelé;
Depósitos de FGTS e INSS não realizados;
Indenização se o atraso afetou oportunidade de transferência.
Além disso, o clube pode ser obrigado a pagar os honorários advocatícios do processo.
Mesmo que o clube negue, o atleta tem como comprovar. Veja o que guardar:
Cópias do contrato de trabalho e de imagem;
Comprovantes bancários de meses sem pagamento;
Mensagens de dirigentes ou diretores confirmando atrasos;
Matérias ou postagens públicas que demonstrem o problema;
Registros de promessa de bicho ou premiação feita por dirigentes.
Essas provas são essenciais para que o advogado monte uma ação sólida, com base técnica e forte impacto jurídico.
O atraso de salário vai muito além do dinheiro. Ele destrói o foco, gera ansiedade e pode até prejudicar o desempenho em campo. Muitos atletas entram em depressão ou enfrentam crises familiares porque perdem o sustento da casa.
Cada mês sem pagamento é uma luta para manter o nome limpo, as contas em dia e a cabeça no lugar. Você não precisa enfrentar isso sozinho.
Quando o clube atrasa salário, direito de imagem ou bicho, o jogador não é obrigado a aceitar. A Justiça reconhece que o atleta é trabalhador, e o contrato esportivo não pode ser usado como desculpa para calote.
Portanto, não espere o problema se agravar. Procure orientação jurídica com advogado trabalhista de sua confiança. A decisão certa, tomada na hora certa, pode salvar sua carreira — e garantir que você receba tudo o que lutou para conquistar dentro de campo.

por Agência de Marketing Digital
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