
O título parece exagerado.
Mas basta abrir qualquer comentário em redes sociais para perceber: ele descreve uma experiência comum.
💬 “Não confie em compliance.”
💬 “Pesquisa de clima é armadilha.”
💬 “Compliance serve para proteger a empresa, não o funcionário.”
Essas frases não vêm de juristas ressentidos.
Vêm de trabalhadores experientes, muitos deles qualificados, que já passaram pelo sistema e aprenderam da pior forma.
O dado relevante não é o tom irônico.
🧠 É a recorrência do padrão.
O discurso oficial diz que o compliance existe para garantir ética, integridade e proteção.
Na prática, grande parte dos trabalhadores já entendeu algo diferente:
"Compliance não é um espaço seguro".
"É um instrumento de controle de risco da empresa."
Isso explica por que tantos relatos seguem a mesma lógica:
🔍 a denúncia “vaza”;
🔍 a investigação não é isenta;
🔄 o foco sai do fato e recai sobre o denunciante;
🧍 o denunciado permanece;
🚪 quem falou, sai.
Não se trata de falha pontual.
❗ Trata-se de função estrutural.
Alguns comentários vão além do desabafo.
Eles revelam uma leitura fria e pragmática do sistema:
💬 “Compliance é para quando você quer sair sem justa causa.”
💬 “Denunciei já sabendo que vazava. Fiz para ser demitido.”
Isso é devastador.
Quando trabalhadores passam a usar o compliance como ferramenta de saída, o instituto já colapsou.
Ele deixou de ser mecanismo de integridade e virou atalho para ruptura contratual.
A empresa acha que está se protegendo.
📉 Na verdade, está normalizando a própria falência ética.
Outro ponto recorrente é a descrença total nas chamadas pesquisas anônimas.
💬 “Meu chefe sabia que só faltava eu responder.”
💬 “Ainda tem gente que acredita nisso?”
O problema não é a pesquisa.
⚖️ É a assimetria de poder.
Em ambientes hierárquicos pequenos, qualquer anonimato é fictício. E todos sabem disso.
O resultado é previsível:
🗂️ as respostas são filtradas, defensivas e mentirosas.
O compliance recebe dados.
🤐 Mas não recebe a verdade.
Há um equívoco comum entre gestores: achar que assédio exige humilhação explícita.
Não exige.
Assédio institucional ocorre quando:
🏢 a empresa toma ciência do abuso;
🧯 decide não intervir;
🔁 desloca o problema para quem denunciou;
❌ e trata a denúncia como falha comportamental.
Nesse ponto, o agressor já não age sozinho.
🕸️ O sistema age com ele.

Segundo o advogado trabalhista Rodrigo Fortunato Goulart, doutor em direito, “o maior erro das empresas é acreditar que o silêncio institucional não deixa vestígios jurídicos”.
⚠️ Deixa. E muitos.
A curto prazo, a estratégia parece eficaz:
🫥 o problema “some”;
🚪 o denunciante sai;
🧱 a hierarquia se preserva.
Mas o custo vem depois:
📑 ações trabalhistas bem estruturadas;
🏛️ denúncias ao Ministério Público do Trabalho;
🔥 dano reputacional real;
🧠 e, sobretudo, perda de credibilidade interna.
Quando ninguém acredita no compliance, ninguém confia na liderança.
Sem confiança, não existe governança.
O desconforto desse debate explica o cinismo dos comentários.
Eles não são engraçados.
São defensivos.
Porque a pergunta central permanece sem resposta honesta:
❓ O compliance da sua empresa existe para proteger pessoas,
❓ ou apenas para blindar a organização?
Enquanto a resposta real for a segunda, os comentários continuarão iguais.
💣 E os passivos também.
O problema não é o trabalhador que denuncia. Também não é o canal de Compliance em si.
O problema surge quando a empresa confunde governança com autoproteção, investigação com controle e silêncio com gestão de risco.
Nesse cenário, denunciar deixa de ser ato de coragem e passa a ser gatilho de exclusão.
Quando a vítima sai e o denunciado permanece — ou é promovido — a mensagem interna é clara: ética é discurso, não prática.
E essa mensagem não fica restrita aos corredores. Ela se espalha, contamina a cultura e, cedo ou tarde, chega aos tribunais.
Empresas que levam compliance a sério não temem denúncias.
🧭 Temem errar depois de alertadas.
Porque o verdadeiro risco não está em quem fala.
⚖️ Está em quem ouve — e escolhe não agir.

por Agência de Marketing Digital
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