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Fui incluído como sócio no contrato social e agora respondo por dívidas da empresa: o que fazer?

2 de outubro de 2025

Imagine a seguinte situação: você começou como empregado, recebeu uma proposta para ser “incluído como sócio” e, anos depois, descobre que está sendo cobrado judicialmente por dívidas da empresa. A sensação é de injustiça e desespero, pois você nunca se beneficiou de verdade como um sócio, mas agora arca com a responsabilidade de dívidas que não contraiu.

Segundo o advogado trabalhista Rodrigo Fortunato Goulart, doutor em direito, "esse tipo de prática ocorre quando empresas usam artifícios jurídicos para mascarar vínculos de emprego ou transferir riscos que deveriam ser exclusivos do empregador. O trabalhador, muitas vezes, é enganado por promessas de participação e se vê em uma posição vulnerável, sem direitos trabalhistas reconhecidos e ainda exposto a cobranças judiciais".

Diferença entre sócio de fato e sócio de fachada

Na prática, a Justiça distingue o sócio "de fato", que exerce poderes de gestão e participa efetivamente dos lucros e riscos, do sócio "de fachada", incluído apenas no contrato social - como "laranja" - sem real autonomia.

Esse último muitas vezes é um empregado transformado em “sócio” apenas para reduzir encargos trabalhistas. Quando isso acontece, a fraude pode ser reconhecida judicialmente.

Responsabilidade por dívidas da empresa

O sócio pode responder por dívidas da empresa, especialmente em execuções trabalhistas (cobranças judiciais), quando não há bens suficientes da pessoa jurídica. No entanto, se ficar comprovado que a inclusão foi simulada e serviu apenas para fraudar direitos, a responsabilidade pelo pagamento da dívida pode ser afastada.

Posso reaver meus direitos trabalhistas se fui sócio?

Sim. A Justiça do Trabalho aplica o princípio da primazia da realidade: se você sempre atuou como empregado, com subordinação e remuneração, pode buscar reconhecimento do vínculo e cobrar verbas trabalhistas.

Tenho que pagar as dívidas da empresa sozinho?

Não necessariamente. É possível demonstrar que sua inclusão no contrato social foi artificial. Com isso, a Justiça pode afastar sua responsabilidade patrimonial e direcionar a cobrança aos verdadeiros gestores e sócios controladores.

E se assinei documentos como sócio?

Mesmo assinando, o que prevalece é a realidade. Se sua condição era de empregado e não de gestor, há fundamentos para contestar a responsabilidade.

Segundo Rodrigo Fortunato Goulart, "muitos trabalhadores aceitam ser sócios formais minoritários por medo de perder o emprego ou acreditando na promessa de crescimento. Meses ou anos depois, descobrem que carregam uma dívida que nunca imaginaram assumir". Para ele "a boa notícia é que a Justiça pode reconhecer que o colaborador atuava como empregado e determinar que não responda pelas dívidas da empresa".

Decisão da Justiça do Trabalho 

Foi o que aconteceu no processo n. 0000272-14.2019.5.12.0005, em que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-12) afastou a responsabilidade de um trabalhador que havia sido incluído como sócio apenas no papel. Essa decisão mostra que a Justiça do Trabalho protege quem foi colocado de forma artificial em um contrato social, afastando dívidas indevidas e restabelecendo seus direitos.

Conclusão 

Se você foi incluído como sócio no contrato social sem nunca ter exercido poderes de gestão ou participado nos lucros, saiba que há caminhos jurídicos para proteger seus direitos. A Justiça reconhece a diferença entre empregado e sócio real.

Não aceite carregar sozinho a responsabilidade de dívidas que não contraiu. Busque informações, reúna provas e consulte um advogado trabalhista de sua confiança. Entender seus direitos é o primeiro passo para se libertar desse peso injusto.

Advogado Trabalhista em Curitiba
Rodrigo Fortunato Goulart
OAB/PR sob nº 36.980
Com 25 anos de experiência na área trabalhista, é Mestre e Doutor em Direito pela PUCPR, Diretor do Departamento de Direito do Trabalho do Instituto dos Advogados do Paraná e Professor de Relações Trabalhistas e Saúde no Trabalho na Escola de Negócios da PUCPR.
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FREQUENTES

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Se você foi mandado embora sem justa causa, tem direito a receber: salário dos dias trabalhados, aviso prévio (se não foi cumprido), férias proporcionais + 1/3, 13º salário proporcional, multa de 40% sobre o FGTS, além de poder sacar o FGTS e, se tiver direito, pedir o seguro-desemprego. Dependendo do seu caso, pode haver outros direitos.
O salário e o FGTS devem ser pagos na data certa. Se houver atrasos constantes, isso pode ser motivo para encerrar o contrato de trabalho por culpa do patrão (rescisão indireta). Além disso, o trabalhador pode receber juros e correções pelos dias de atraso e até uma indenização por danos morais, se for o caso.
Sim. Mesmo sem registro na carteira, você pode ter direito a todos os benefícios de um trabalhador com carteira assinada, como FGTS, férias, 13º salário, INSS e outros. Se o patrão não reconhece isso, é possível entrar na Justiça e apresentar provas para garantir seus direitos.
Se você sofreu um acidente de trabalho, pode ter direito a afastamento com pagamento do INSS, estabilidade no emprego depois que voltar ao trabalho e até indenização, dependendo do caso. Se o acidente deixou sequelas, pode haver direito à aposentadoria por invalidez, pensão vitalícia (paga pela empresa) ou outros benefícios.
As horas extras só podem ser exigidas dentro da lei. Se você trabalha além do horário normal, tem direito a receber um valor maior por cada hora extra (pelo menos 50% a mais do que a hora normal). Algumas categorias podem ter regras diferentes em acordo ou convenção coletiva.
Não. O patrão não pode mudar seu contrato de trabalho para piorar suas condições sem seu consentimento. Se isso acontecer e te prejudicar, você pode ter o direito de pedir a rescisão indireta do contrato e receber todas as verbas como se tivesse sido demitido sem justa causa.
A lei garante estabilidade para mulheres grávidas desde o início da gestação até cinco meses depois do parto. Se for demitida nesse período, pode pedir para ser reintegrada ao trabalho ou receber uma indenização.
Se o patrão manda um funcionário abrir uma empresa (CNPJ ou MEI) só para continuar trabalhando do mesmo jeito que antes, isso pode ser uma fraude chamada “pejotização”. Se houver subordinação, horário fixo e obrigações como as de um empregado, pode ser possível pedir na Justiça o reconhecimento do vínculo empregatício e receber todos os direitos previsto em lei.
Sempre que tiver dúvidas ou problemas no seu trabalho, como salário atrasado, demissão injusta, assédio, não pagamento de direitos, trabalho sem carteira assinada, entre outros. Um advogado pode orientar sobre o que fazer e se vale a pena entrar na Justiça.
Na consulta, o advogado analisa o seu caso, verifica documentos, esclarece dúvidas e explica quais são os possíveis caminhos para resolver o problema. Dependendo da situação, pode ser feito um acordo com a empresa ou, se necessário, uma ação na Justiça.
O valor depende do caso e do advogado. Cada profissional tem liberdade para estabelecer o preço dos seus serviços. Profissionais experientes podem cobrar um valor fixo pela consulta ou pelo processo, enquanto outros podem trabalhar com um percentual do valor que o cliente receber no final da ação (honorários em caso de vitória). Tudo deve ser combinado antes, de forma transparente.
O tempo pode variar bastante. Se houver um acordo, pode ser resolvido rapidamente. Mas, se precisar de uma decisão da Justiça, pode levar meses ou até anos, dependendo do caso e dos recursos.
Depende. Depois da Reforma Trabalhista, quem perde a ação pode ser condenado a pagar honorários ao advogado da outra parte, mas há exceções. Também pode haver custos do processo, dependendo do contrato feito com seu advogado. Por isso, é importante entender tudo antes de entrar com a ação.
Os documentos mais importantes são: carteira de trabalho física ou digital, holerites (contracheques), contrato de trabalho, comprovantes de pagamento, extrato do FGTS, carta de demissão e qualquer outro que mostre como era a relação de trabalho. Se não tiver todos, o advogado pode te orientar sobre como reunir provas.

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